terça-feira, dezembro 27, 2011

"O mundo de repente era um lugar vazio, tão vazio, e seu coração uma coisa morta e fria".

"Meggie enxugou as lágrimas dos olhos e fez um esforço para parecer igualmente indiferente, mas como poderia com o coração que de repente doía como se alguém o tivesse partido em dois?"

"As palavras vinham como que naturalmente, palavras belas, de consolo, mas era assim realmente? Fenoglio não sabia. Nunca se interessara pelo que vinha depois da morte, nem naquele, nem no outro mundo. Provavelmente silêncio, silêncio sem uma única palavra de consolo".

" - Traga Meggie mesmo assim - disse quando se separaram do outro lado do portão. - Mas não vá se perder por aí de tanto amor.
Dedo Empoeirado seguiu o garoto com o olhar até ele desaparecer entre as casas. Não admirava que Roxane o tomasse por seu filho. Às vezes, ele suspeitava que seu coração fizesse o mesmo."

"Ela estendeu a mão e passou-a no rosto do garoto. Ele realmente havia chorado. Ele sentiu as lágrimas que haviam secado em sua pele."

" - O que você está olhando? - perguntara Elinor quando a apanhara uma vez observando os dois no jardim.
 - Metade do coração dele ainda pertence a você. Isso não é o suficiente?"

" - Não, mas sabe de uma coisa? Roxane acha que eu sou. Imagine só! Por favor, Meggie! Vá à casa de Roxane, está bem? - pegou-a pelos ombros e beijou-a, na boca. Sua pele estava molhada de chuva. Ela não recuou, ele segurou o rosto dela com as mãos e a beijou de novo, na testa, no nariz e na boca novamente. - Você vem, não é? Está prometido! - ele sussurrou.
Então Farid saiu, com o mesmo andar ágil que tinha desde o dia em que Meggie o vira pela primeira vez.
- Você tem que ir! - ele exclamou mais uma vez antes de desaparecer pela escura passagem que levava para a rua. - Talvez você possa ficar um tempo conosco, comigo e com Dedo Empoeirado!
Então ele se foi, e Meggie encostou-se na parede da casa de Minerva, exatamente no local em que Farid estivera havia pouco. Ela passou os dedos em sua boca, como se quisesse se certificar de que o beijo de Farid não o havia alterado.
- Meggie? - Fenoglio estava lá em cima da escada, um lampião na mão. - O que você está fazendo aí embaixo? O garoto já foi? O que ele queria aqui? Ele está aí embaixo no escuro com você?
Meggie não respondeu. Não queria falar com ninguém. Queria ouvir o que dizi a seu coração atrapalhado."

" As palavras erradas. Mesmo sendo a mais pura verdade, soavam como mentira. Ele não soubera sempre disso? As palavras não servem para nada. Sim, às vezes soavam magníficas, mas o deixavam na mão assim que ele realmente precisasse delas. Dedo Empoeirado nunca encontrava as certas, nunca, mas onde mais procurá-las? Seu coração era mudo como um peixe, por mais que a língua se esforçasse para lhe dar uma voz."

"Meggie apenas assentiu com a cabeça. Não sabia o que estava sentindo. Medo? Raiva? Desespero? Parecia não haver palavras que descrevessem o estado de seu coração."

" - A água e o fogo - ele disse - não se entendem especialmente bem. Poderíamos dizer que os dois não combinam, mas, quando se amam, fazem isso com paixão."

" Sim, Farid já havia pensado nisso. Mas não tinha medo dos guardas, de Basta ou de Raposa Vermelha. Tinha medo por Meggie, um medo terrível. O fato de estar invisível apenas o tornava menos ruim. Nada parecia restar dele além de dor em seu coração."


"O ciúme ainda mordia, o coração era mesmo uma coisa muito boba."

(Sangue de Tinta - Cornelia Funke)


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